Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e militares se calaram durante o depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres adotaram estratégias diferentes. Ambos responderam a todos os questionamentos no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Quem também prestou depoimento foi o assessor de Bolsonaro, Tércio Arnaud Thomaz. Segundo apurou a CNN, ele respondeu 168 perguntas sobre dez temas diferentes.
Tércio é considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”. Ele era responsável por ajudar na organização das redes sociais do ex-presidente e da distribuição de conteúdos para os apoiadores de Bolsonaro.
O ex-ministro da Justiça depôs por cerca de cinco horas na sede da Polícia Federal. Aliados afirmam que Anderson Torres é o maior interessado em esclarecer os fatos e a participação de cada um na investigação seja identificada. Ele ficou preso por quatro meses por suposta omissão nos ataques de 8 de Janeiro de 2023. Na época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em nota, a defesa do ex-ministro informou que ele respondeu todas as perguntas “serenamente” e afirmou que o ex-ministro tem disposição em colaborar com a investigação. “O ex-ministro acredita na Justiça e confia nas instituições brasileiras”, finalizou.
O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, também resolveu falar diante dos investigadores. Alvo de uma busca e apreensão em 8 de fevereiro no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe, Valdemar acabou sendo preso por posse irregular de arma de fogo. Na ocasião, também foi encontrada com ele uma pepita de ouro. O presidente do PL ficou preso por duas noites.
“A defesa de Valdemar Costa Neto informa que o presidente nacional do PL compareceu à Polícia Federal na data de hoje e respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas. A defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações”, informaram os advogados.
Como informou a âncora da CNN Raquel Landim, Bolsonaro ficou apenas quatro minutos na sala de depoimentos da PF. Os investigadores não chegaram a fazer nenhuma pergunta, visto que o presidente já havia adiantado que ficaria em silêncio sob o argumento que não teve acesso integral à investigação.
Militares próximos do ex-presidente também seguiram o ex-presidente e se calaram, também alegando que não ter acesso integral. Os militares que optaram por ficar em silêncios são:
- General Walter Braga Netto ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
- Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- General Paulo Sergio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa
- General Mario Fernandes, ex-chefe substituto da secretária-geral da presidência;
- Ronald Ferreira de Araújo Junior, oficial do Exército
Bolsonaro tentou adiar depoimento três vezes
A defesa de Bolsonaro afirmou que ele ficou em silêncio durante o depoimento porque não teve acesso integral aos elementos da investigação. Os advogados argumentaram que há elementos mantidos ocultos como, por exemplo, os termos de declarações da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Os advogados também disseram que não tiveram acesso integral as provas que teriam sido extraídas de celulares e computadores apreendidos. A defesa dos militares que decidiram se calar também utilizou os mesmos argumentos.
Durante a semana, a defesa do ex-presidente tentou, por três vezes, adiar o depoimento com a justificativa de que não teria acesso a todas as informações sobre a investigação. Os três pedidos foram negados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas decisões de Moraes, ele afirmou que deu acesso “a todas as diligências efetivadas e provas” da investigação.
“[A defesa] insiste nos mesmos argumentos já rejeitados em decisão anterior, onde ficou absolutamente claro que o investigado teve acesso integral à todas as diligências efetivadas e provas juntadas aos autos e que não há motivos para qualquer adiamento do depoimento marcado pela Polícia Federal para o dia 22 de fevereiro próximo”, argumentou Moraes em uma das decisões.
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CNN BRASIL