O relatório final de 884 páginas da Polícia Federal sobre o plano de golpe de Estado no Brasil aponta o papel de cada integrante do governo de Jair Bolsonaro (PL) na chamada ‘organização criminosa’ apontada pela PF.
O principal nome que consta no documento é do ex-presidente Bolsonaro. Ele é apontado como “líder” que “permeava” todos os núcleos apontados na investigação. Mas principalmente no Núcleo A: Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral, conforme revelou a CNN.
Outro personagem no caso é do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que é apontado pela PF como “operador de Bolsonaro”, alguém que colocava a mão em todos os núcleos para “blindar o líder”.
O inquérito também aponta dois generais que tinham cargos no primeiro escalão do governo como “núcleo duro”: Walter Braga Netto e Augusto Heleno.
Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente da chapa derrotada com Bolsonaro.
Foi na casa dele que a PF aponta uma reunião, em novembro de 2022, onde teria sido discutido o planejamento de ataque, inclusive com assassinato de autoridades. A reunião foi reforçada por Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21).
O general Heleno era chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e tinha a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu guarda-chuva.
Para a PF, o “núcleo duro” era a reunião de personagens que transitavam e influenciavam os demais núcleos.
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, seria do Núcleo de Inteligência Paralela e repassaria informações coletadas na “Abin Paralela” para o núcleo A disseminar desinformação e fake news contra as urnas eletrônicas, segundo a PF.
O relatório completo ainda está sob sigilo em posse do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, mas a CNN teve acesso a informações do documento.
Os seis núcleos apontados pela PF nesta conclusão são:
- a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
- b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
- c) Núcleo Jurídico;
- d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
- e) Núcleo de Inteligência Paralela;
- f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Outro lado
“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, disse o ex-presidente Bolsonaro em publicação no X (antigo Twitter).
“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, acrescentou.
À CNN, o advogado Matheus Milanez, da defesa de general Heleno, disse que não vai se manifestar até ter acesso aos autos.
A defesa do general Walter Souza Braga Netto destaca em nota que “repudia veementemente, e desde logo, a indevida difusão de informações relativas a inquéritos, concedidas “em primeira mão” a determinados veículos de imprensa em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas. Assim, a defesa aguardará o recebimento oficial dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”.
A equipe do deputado Ramagem informou que não haverá pronunciamento.
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CNN BRASIL