No depoimento de seis horas e meia do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Polícia Federal, o parlamentar e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passou a responsabilidade pelas espionagens ilegais durante sua gestão para dois de seus subordinados.
Ramagem citou o agente da PF cedido à Abin Marcelo Araújo Bormevet e o militar do Exército também cedido à Abin Giancarlo Gomes Rodrigues como responsáveis pelas atividades clandestinas, segundo fontes ouvidas pela CNN.
Bormevet e Rodrigues foram presos na semana passada na mais recente fase da operação Última Milha.
O militar Giancarlo era assessor de Ramagem, é casado com uma servidora da agência e foi alvo da PF de outra fase da operação, em janeiro.
A PF aponta que ele foi um dos responsáveis por um monitoramento ilegal do então presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e da então deputada Joice Hasselmann.
O agente Bormevet atuou como segurança do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, na época no PSL e hoje no PL, em 2018. Ele foi afastado do cargo em janeiro, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento de Ramagem em mais de 100 perguntas feitas a ele, no entanto, não convenceu os investigadores.
Ouvidos pela reportagem, os delegados relataram que Ramagem está “tentando tirar sua responsabilidade” pela chamada “Abin paralela”, mas, para a PF, os indícios e as evidências mostram o contrário, indicando que era ele quem determinava a espionagem e autorizava a elaboração de desinformação que partia do “gabinete do ódio”.
O ex-diretor da Abin nega que tenha ordenado qualquer espionagem ilegal e chama a investigação da PF de “ilações e rasas conjecturas”.
A CNN tenta contato com as defesas de Bormevet e Rodrigues.
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CNN BRASIL