Entre as seis pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura a realização de blitze em rodovias durante o segundo turno das eleições de 2022 com intenção de dificultar o trânsito de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao menos três tentaram fazer colaboração premiada, segundo fontes da investigação.
Os agentes da PF que estavam cedidos ao Ministério da Justiça na época, Marília Ferreira de Alencar, Fernando de Sousa Oliveira e Leo Garrido de Sales Meira iniciaram tratativas com objetivo de fechar um acordo de delação. De acordo com investigadores, porém, as negociações foram interrompidas uma vez que os acusados não conseguiram apresentar novos elementos à apuração.
O relatório parcial entregue pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem mais de duzentas páginas. Segundo investigadores, os elementos de prova trazem depoimentos, planilhas e mensagens trocadas em grupos de mensagem envolvendo os acusados.
Além dos três agentes que tentaram a delação, o documento aponta o indiciamento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do agente Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo.
A suspeita é que a PRF intensificou deliberadamente ações de fiscalização de trânsito para impedir a locomoção de eleitores nas regiões onde Lula havia conseguido maioria dos votos no primeiro turno.
O indiciamento se baseia no artigo 359-P do Código Penal, que penaliza quem restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão da procedência nacional.
A PF também pediu ao STF mais prazo para continuidade das investigações, interrogatórios dos indiciados e, por fim, apresentar o relatório conclusivo.
A CNN tentou contato com a defesa de todos os citados, mas ainda não conseguiu retorno.
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