Representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) vão ao Rio de Janeiro, entre os dias 28 e 31 de maio, para investigar a existência de grupos neonazistas no estado. A ideia é ouvir vítimas, autoridades e especialistas no assunto.
Pelo menos outras três unidades da federação também vão receber a missão: São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Recentemente, o colegiado visitou Santa Catarina.
O roteiro tem como referência um estudo realizado pela antropóloga Adriana Dias, que morreu no ano passado. Segundo o levantamento, as células de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil no período entre janeiro de 2019 e maio de 2021, se espalhando por todas as regiões do país.
“Esse fenômeno teria sido impulsionado pela disseminação dos discursos de ódio e de narrativas extremistas. Sem punição, eles se propagam com mais facilidade”, diz a pesquisa.
Ainda de acordo com o estudo, no início de 2022 havia mais de 530 núcleos extremistas no país. Seus participantes compartilham o ódio contra feministas, judeus, negros e população LGBTQIAP+
Denúncia
No início do mês, o CNDH apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) preocupações acerca do crescimento de grupos neonazistas no país.
Um relatório preliminar reuniu dados presentes em diferentes levantamentos. O documento classifica o cenário atual como “alarmante”.
O relatório do CNDH destaca ainda que, no ano de 2021, foram recebidas e processadas 14.476 denúncias anônimas pela Central Nacional de Crimes Cibernéticos, canal mantido pela organização não governamental SaferNet com o apoio do Ministério Público Federal (MPF).
Também há menção a dados do Observatório Judaico sobre eventos antissemitas e correlatos ocorridos no país entre 2019 e 2022.
Outro levantamento citado é o da organização não-governamental Fiquem Sabendo. O documento aponta que de janeiro de 2019 a novembro de 2020 foram abertos 159 inquéritos pela Polícia Federal por apologia ao nazismo.
Esse número, referente a um período inferior a dois anos, supera o total de 143 investigações abertas ao longo de 15 anos, entre 2003 e 2018.
Compartilhe:
CNN BRASIL