POLÍTICA

“Bolsonaro quer emplacar seu candidato na Câmara para manter influência na Casa“, afirma cientista político

Em entrevista ao WW nesta terça-feira (29), o cientista político Carlos Pereira, professor de Ciência Política da Fundação Getulio Vargas (FGV), analisou a atual movimentação política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à sucessão na presidência da Câmara dos Deputados.

Segundo o especialista, Bolsonaro está empenhado em emplacar seu próprio candidato para manter influência significativa na Casa.

De acordo com o professor da FGV, essa estratégia ganhou destaque após as eleições municipais, que sinalizaram um enfraquecimento da força política de Bolsonaro. “As eleições municipais deram um recado importante que Bolsonaro saiu menos forte do que se previa, do que se imaginava”, afirmou.

Impacto das eleições municipais

O desempenho abaixo do esperado nas eleições locais teria motivado uma reavaliação do cenário político na Câmara.

“A força de agregação do presidente em transformar isso em vitórias eleitorais nas prefeituras e câmaras de vereadores foi muito menor. Isso, talvez, seja um dos primeiros reflexos que a Câmara dos Deputados dá a essa nova avaliação”, explicou Pereira.

O cientista político ressaltou que as eleições servem como oportunidade para os políticos atualizarem suas percepções e estratégias. Com a aparente perda de densidade eleitoral de Bolsonaro, abriu-se espaço para novos acordos e articulações na Câmara.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) • 10/07/2024 – Mário Agra / Câmara dos Deputados

Centralização do poder na Câmara

Pereira destacou o papel central do atual presidente da Câmara, Arthur Lira, nesse processo. “O processo decisório dentro da Câmara dos Deputados é muito centralizado e ele utiliza-se dessa prerrogativa de centralização para utilizar esses poderes de forma estratégica a maximizar os seus interesses”, observou.

Para o cientista político, Lira busca emplacar seu próprio candidato à sucessão, com o objetivo de manter sua influência no processo decisório da Casa.

De acordo com o professor, essa movimentação política pode resultar em uma possível aproximação entre o bloco liderado por Lira, não tão claramente alinhado a Bolsonaro, e o governo do presidente Lula (PT).

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