POLÍTICA

Bolsonaro já prestou 5 depoimentos à PF depois que deixou a Presidência; relembre os casos

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimentos em cinco casos à Polícia Federal (PF) desde que deixou a Presidência da República, em dezembro de 2022.

Entre os temas estão: o caso das joias sauditas, empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado, o 8 de janeiro, adulteração do cartão de vacina e, mais recentemente, sobre sua suposta tentativa de dar um golpe de Estado para permanecer no poder após perder as últimas eleições.

A CNN mostra, a seguir, como foram os depoimentos.

Joias da Arábia Saudita

O primeiro depoimento de Bolsonaro aconteceu em 5 de abril de 2023, no caso que investiga a entrada ilegal no país de joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita. Ele estava acompanhado de advogados e de seu ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten. “Foi uma ótima oportunidade para esclarecimentos dos fatos”, declarou Wajngarten na ocasião.

Segundo apuração do âncora da CNN Leandro Magalhães, Bolsonaro falou aos agentes da PF que todos os procedimentos foram feitos por ofício, o que demonstraria transparência dos atos praticados.

Ainda de acordo com o aliado ouvido pela reportagem, o ex-presidente tomou conhecimento das joias em dezembro de 2022, um ano depois da chegada dos presentes ao Brasil, o que foi relato à PF.

No mesmo caso, Bolsonaro retornou para um novo depoimento em 31 de agosto de 2023. Entretanto, dessa vez, permaneceu em silêncio.

A decisão, segundo apuração da CNN, foi tomada depois que a defesa de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro obteve informações de que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid depôs e fez confissões importantes à PF.

Com a mudança na decisão, a defesa não quis se comprometer e decidiu combinar entre Bolsonaro, Michelle, o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara e o advogado de Bolsonaro, Wajngarten, que todos ficariam em silêncio.

8 de janeiro

Em 27 de abril de 2023, Bolsonaro esteve na PF por mais de duas horas para falar sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro durante ataque aos Três Poderes em Brasília.

O ex-chefe do Executivo foi ouvido no inquérito como instigador pelas postagens na internet sobre o resultado das eleições presidenciais de 2022. Principalmente por uma postagem no dia 10 de janeiro de 2023, dois dias após os atos, na qual questionava, mais uma vez, as urnas eletrônicas e o resultado eleitoral, mas foi apagada logo em seguida.

Segundo a PF, os “instigadores” são aqueles que, de alguma forma, alimentaram e instigaram ações de quem não aceitava o resultado das urnas, o que culminou nos atos antidemocráticos.

Na ocasião, afirmou que fez a publicação do vídeo após estar medicado por morfina. Ele explicou que tentou compartilhar a postagem para seu WhatsApp pessoal, acabou fazendo em seu Facebook.

Fraude em cartão de vacinação

Em 16 de maio de 2023, Bolsonaro foi ouvido no âmbito da investigação que apura supostas fraudes em cartões de vacina da Covid-19.

No começo do referido mês, quatro pessoas ligadas a Bolsonaro foram presas pela PF suspeitas de fazerem parte de um esquema de inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).

A PF quis saber de Bolsonaro se ele tinha conhecimento da manipulação de dados nos cartões de vacina no nome dele e de familiares, como sua filha de 12 anos com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Segundo fontes, ele afirmou que não pediu a ninguém para falsificar cartões de vacinação contra Covid-19, nem para inserir dados no ConecteSUS em seu nome. Bolsonaro transferiu a responsabilidade aos seus auxiliares, mas sem culpá-los diretamente.

Empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado

Em 18 de outubro de 2023, Bolsonaro esteve numa oitiva do inquérito investiga empresários suspeitos de apoiar um golpe de Estado em conversas num grupo de WhatsApp.

Segundo Bolsonaro, a orientação da defesa foi entregar o depoimento por escrito e “continuar batendo na tecla da competência, que não é do STF [Supremo Tribunal Federal], os meus advogados entendem que é da primeira instância”.

Conforme revelado pelo analista da CNN Caio Junqueira, a Polícia Federal viu elo entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o empresário Meyer Nigri na disseminação de fake news sobre o sistema eleitoral em grupos de WhatsApp.

No relatório da PF, o empresário recebe no dia 26 de junho de 2022 uma mensagem de WhatsApp do contato “Bolsonaro 8” referente ao ministro do STF Luís Roberto Barroso. A mensagem diz que Barroso “mente” e que há um “desserviço à democracia dos três ministros do TSE/STF” que faz “somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.

Nigri então responde ao contato “Bolsonaro 8”: “Já repassei para vários grupos. Faz tempo que não nos falamos. Como vc tá? Abs de Veneza”.

O ex-presidente já confirmou o envio da mensagem, e reiterou no dia que mandava mensagens, em sua grande parte, sobre matérias da imprensa.

Suposta tentativa de golpe de Estado

Na última quinta-feira (22), Bolsonaro esteve na PF para falar no âmbito da investigação que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Entretanto, o ex-presidente permaneceu em silêncio e ficou por cerca de quatro minutos perante os oficiais.

Sua defesa afirmou que a atitude foi tomada porque não teve acesso integral aos elementos da investigação.

“Até que se tenha o legítimo e amplo acesso à investigação, o presidente Bolsonaro não prestará qualquer declaração, não abdicando de fazê-lo tão logo lhe seja garantido o referido acesso”, afirmaram os advogados.

Eles disseram ainda que há elementos mantidos ocultos como, por exemplo, os termos de declarações da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Os advogados também argumentaram que não tiveram acesso integral as provas que teriam sido extraídas de celulares e computadores apreendidos.

Durante a semana, a defesa do ex-presidente tentou, por três vezes, adiar o depoimento com a justificativa de que não teria acesso a todas as informações sobre a investigação. Os três pedidos foram negados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).


CNN BRASIL