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Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi com bets em agosto, diz BC

Em agosto de 2024, 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para empresas de apostas via Pix, com uma mediana de gastos de R$ 100. O valor corresponde a cerca de 20% do total de R$ 14,1 bilhões despendido pelo governo no Bolsa Família em agosto.

Desses apostadores, 4 milhões (70%) são chefes de família e enviaram R$ 2 bilhões (67%) para as apostas.

Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) em uma análise sobre o mercado de jogos de azar e apostas online, realizada com base em estimativas de valores apostados a partir de transações via Pix.

A nota técnica também identificou que cerca de 17% dos beneficiários do Bolsa Família apostaram no período. “Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam que as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas pela atividade de apostas esportivas”, diz o BC.

Nesta terça, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, classificou o crescimento no Brasil dos sites de apostas esportivas como “preocupante”, alertando para o risco de impacto sobre a inadimplência das famílias.

“Uma parcela grande das pessoas que recebe Bolsa Família tem apostado nas bets”, disse Campos Neto. “O crescimento de bets é muito grande. A correlação entre pessoas de baixa renda e aumento em apostas tem sido grande”, acrescentou.

Os dados sobre a evolução das transferências para empresas de apostas ao longo de 2024 indicam que os valores mensais variaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. Esses números representam as transferências brutas, estimando que cerca de 15% do total apostado seja retido pelas empresas, com o restante distribuído aos ganhadores.

Estima-se que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas, realizando ao menos uma transferência via Pix para essas empresas. A maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, com um aumento no valor médio das transferências conforme a idade. Para os mais jovens, o valor gira em torno de R$ 100 por mês, enquanto para os maiores de 60 anos ultrapassa R$ 3.000.

O número de CNPJs ativos revela que existem 520 empresas classificadas como jogos de azar e apostas. O BC ressalta que a análise enfrenta “desafios significativos”, pois muitas empresas que operam jogos de azar e apostas online não utilizam nomes correspondentes aos divulgados na mídia e não estão corretamente classificadas no setor econômico apropriado.

FONTE: INFOMONEY