O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai receber o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, nesta sexta-feira (3).
É a primeira vez que um chefe de governo japonês visita o Brasil desde 2016, quando Shinzo Abe esteve no país participando da cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio.
A visita do premiê deve fortalecer a parceria estratégica global que o Brasil tem com o Japão e ampliar o fluxo comercial entre os dois países, atualmente estimado em US$ 11 bilhões (cerca de R$ 57 bilhões).
A reunião entre Lula e Kishida deve tratar de temas referentes ao acesso do Brasil ao mercado japonês de carne bovina, transição energética, proteção da Amazônia e cooperação em iniciativas ambientais.
O prêmio vem ao Brasil, a convite de Lula, acompanhado de 35 lideranças empresariais. O líder japonês será recepcionado às 9h30. Os dois devem se encontrar na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília. Na sequência, haverá uma reunião entre os dois.
Trocas comerciais
Durante a reunião, o presidente deve pedir ao premiê para que o Brasil participe do mercado de carne bovina do Japão. Desde 2005, o Brasil tenta entrar nele, mas não teve sucesso.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, o que representa de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões ao ano (cerca de R$ 16 bilhões a R$ 20 bilhões). Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, históricos aliados do país asiático.
“O presidente Lula mencionará essa intenção de diversificarmos as trocas comerciais e eu acho que um grande objetivo é obtermos acesso ao mercado japonês para a nossa carne bovina e a ampliação do acesso à carne suína, a qual, por ora, apenas Santa Catarina está habilitada [a exportar]”, disse o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do ministério.
Lula e Kishida também devem debater sobre a cooperação multilateral em temas internacionais, como a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, defendida pelos dois países. Além de tópicos relacionados à paz, à segurança e ao desarmamento.
Outras agendas
O presidente e o premiê ainda vão participar de uma cerimônia para assinatura de acordos nas áreas de cibersegurança, ciência e tecnologia, industrial e de cooperação em agricultura e meio ambiente.
Também está previsto um almoço entre os chefes dos governos brasileiro e japonês no Palácio Itamaraty. Posteriormente, Kishida deve ir para o Paraguai.
No sábado (4), o primeiro-ministro japonês retorna ao Brasil, onde vai participar de atividades junto à comunidade nipo-brasileira em São Paulo. A expectativa é de que Kishida participe do Fórum Empresarial Brasil-Japão junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Parceria
Segundo o Itamaraty, o Brasil é um grande exportador de ferro, frango, café, alumínio e milho, e importa do Japão, sobretudo, produtos manufaturados, com ênfase nas autopeças, compostos químicos, instrumentos de medição e circuitos integrados.
O ministério aponta que em 2023 o Japão foi o segundo parceiro comercial do Brasil na Ásia e o nono no mundo, com intercâmbio comercial de US$ 11,7 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) e superávit brasileiro de US$ 1,491 bilhão (cerca de R$ 7,8 bilhões).
O Brasil conta com a maior população nipodescendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas, e o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 211 mil pessoas.
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CNN BRASIL