A nova ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, a professora e assistente social Macaé Evaristo (PT-MG), tomou posse no cargo nesta sexta-feira (27) em evento no Palácio do Planalto.
Ela foi nomeada para a vaga em 9 de setembro, após a demissão de Silvio Almeida, investigado por supostos casos de assédio sexual contra mulheres. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que participou da cerimônia de posse nesta manhã.
Deputada estadual por Minas Gerais, Macaé se licenciou do mandato para assumir a vaga na equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como a CNN mostrou, o chefe do Executivo estabeleceu como condição para indicar a petista ao cargo o compromisso de ela não disputar as eleições de 2026.
Apesar da presença de Lula, da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e de ministras do governo, Macaé foi a única autoridade a discursar na cerimônia. Ela chamou o comando do ministério de um “desafio gigantesco” e defendeu cuidar em especial das mulheres chefes de família.
Para ela, a vocação da pasta é cuidar da diversidade do país e contribuir para a vida digna dos brasileiros. “Infelizmente, na nossa sociedade brasileira muita gente tem a concepção de que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. A gente tem o desafio fundamental para construir a ação desse Ministério”, disse.
Em seu discurso, Macaé defendeu a “alegria das crianças” como forma de resistência e combate ao “sofrimento, tristeza e opressão”.
“No cenário global, a gente enfrenta uma nova investida do capital que aposta na segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão e o extermínio de milhões de pessoas comuns, como eu, que diante do horror da fome, da peste e da guerra não sabem a quem recorrer. É por isso que nossa tarefa é dialogar e disputar o próprio sentido dos direitos humanos”, declarou.
No evento no Planalto, a escritora Conceição Evaristo, prima de Macaé e uma das maiores vozes da literatura brasileira, leu dois poemas de sua autoria, “Vozes-Mulheres” e “No meio do caminho: deslizantes águas”.
Desde a sua nomeação, a petista vem promovendo mudanças no quadro de secretários da pasta. Entre os demitidos estão Luzia Cantal, agora ex-ouvidora do ministério, e que deve ser substituída por uma pessoa de confiança da nova titular, e o ex-secretário da Criança e do Adolescente Cláudio Augusto Vieira da Silva, que, assim como o ex-chefe, foi acusado de assédio moral por colegas do ministério.
A nova ministra foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação de Belo Horizonte (2005 a 2012) e de Minas Gerais (2015 a 2018). Ela também atuou como secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2013 e 2014.
Mudanças na pasta
Macaé Evaristo disse. em entrevista à CNN na última semana. que novas mudanças devem ser realizadas na pasta, mas que as alterações não serão implementadas levando em consideração somente eventuais acusações.
“Não estamos querendo eliminar as pessoas. Nós queremos eliminar práticas autoritárias. Eu preciso que a gente distinga uma coisa da outra. Haverá mudanças no Ministério, mas as mudanças não acontecerão necessariamente porque as pessoas sofreram uma denúncia”, disse em entrevista.
A ex-deputada estadual afirmou que os acusados devem ter direito à defesa. Ela analisa outros casos e novas demissões não são descartadas. São ao menos 14 denúncias de assédio moral no ministério. A maioria das acusações é registrada por mulheres.
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CNN BRASIL