POLÍTICA

Saiba quem é o líder evangélico que apoiou Bolsonaro e agora faz afagos a Lula

Filiado ao MDB, pastor do Ministério Missão de Vida e filho de político, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) fez afagos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante agenda na terça-feira (15).

A fala chamou atenção por ele ser apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Quem é Otoni de Paula

Otoni Moura de Paulo Junior nasceu no Rio de Janeiro em 22 de novembro de 1976, e tem 47 anos de idade.

Ele é filho de Otoni Moura de Paulo (MDB-RJ), que faleceu em 27 de maio de 2024. Na ocasião, seu pai era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Enquanto criança, mudou-se com a família para Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, local em que viveu até a adolescência. Aos 13 anos começou a trabalhar em uma rádio e, aos 17, foi consagrado pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus, segundo informações publicadas em seu Instagram.

Casado e pai de três filhos, Otoni pastoreia a igreja do Ministério Missão de Vida, a qual fundou em 1998.

Otoni iniciou a carreira política no PSDC como candidato a vereador do Rio de Janeiro em 2012; na época, ele ficou como suplente. Em 2014, ele se candidatou a deputado federal pelo PEN (atual Patriota), mas não foi eleito. Em 2016 foi eleito vereador do Rio pelo antigo PSC e, em 2018, como deputado federal pelo mesmo partido.

Reeleito em 2022 pelo MDB com 158.507 votos, o mandato de Otoni de Paula vai até 2027. “Luto em defesa da vida, da família, dos princípios e valores Cristãos, pela saúde, segurança, geração de empego, combate à corrupção. Luto para construir um Brasil melhor”, escreveu o emedebista em sua página online na Câmara dos Deputados.

Durante a gestão Bolsonaro, Otoni manteve uma relação próxima com o ex-presidente. Nas eleições municipais deste ano, porém, decidiu não apoiar o candidato do PL a prefeito do Rio, Alexandre Ramagem, e apoiou a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD).

O que o deputado disse?

Durante a cerimônia de sanção do Dia Nacional da Música Gospel, no Palácio do Planalto, Otoni lembrou a Lula que foi “um dos mais combatentes defensores do antigo governo e seu crítico político”, mas que quis Deus que fosse ele a representar, na ocasião, a Frente Parlamentar Evangélica.

“E nesse momento, já fora do palanque eleitoral, me dirijo não ao Lula do Partido dos Trabalhadores, mas ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, e enquanto estiver ocupando esse cargo, por força de nacionalidade, meu presidente também”, disse.

O parlamentar ainda lembrou que a maioria dos evangélicos talvez não tenha votado em Lula, mas argumentou que esse público pode estar entre os mais contemplados pelos programas sociais do atual governo. “Os mais pobres e necessitados, aos quais Jesus sempre dedicou a maior parte do seu tempo, formam a maioria esmagadora de nossos irmãos”, declarou.

O deputado convidou Lula para se aproximar dos evangélicos “sem reserva”. “Tem lugar na mesa do Pai para termos comunhão. Gostando ou não politicamente de Vossa Excelência e de seus posicionamentos, não temos outra opção pela Bíblia a não ser orar por Vossa Excelência. Pois a obrigação de orar pelas autoridades nos foi imposta pelo nosso senhor”.

No final, Otoni de Paula deu um recado. “Em nome da igreja evangélica no Brasil, eu repito e lhe digo: não se preocupe. Nós só temos um dono e esse dono é Jesus”.

Otoni se pronuncia sobre a repercussão

Na madrugada desta quarta-feira (16), Otoni de Paula publicou um vídeo em seu perfil do Instagram explicando as declarações feitas a Lula. O deputado contou que foi ao evento por ser vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica e que estava representando o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), atual coordenador do grupo.

“Comecei a ser criticado e comecei a receber uma enxurrada de críticas. Alguns achando que eu estava a partir de agora apoiando o Lula, apoiando o PT, porque eu representei a Frente Parlamentar Evangélica num dia tão importante para nós, que é o Dia da Música Gospel”, disse.

“O fato de eu parabenizar o Lula porque os programas sociais têm abençoado muito de nossos irmãos, isso me faz ser um traidor? Traidor de quem? Traidor da fé? Traidor da causa?” Questionou.

No final do vídeo, Otoni pediu perdão a aqueles que se sentiram ofendidos pela ida dele ao Planalto. Porém, afirmou que não se sentiu arrependido e que foi um privilégio participar do evento. O deputado fechou os comentários da publicação para os seguidores.

 

Entenda por que o governo quer retomar o horário de verão


CNN BRASIL